zerozerozero

sexta-feira, outubro 31, 2003


Well, shit did happened, but not a big one. We had a minor problem with the credits, so we will have to insert them again next Sunday. Other than that, the film is finished.


Today, if nothing gets wrong, if shit does not happen, my short film "Nem as Mães são Felizes" will be finished. Thanks to the talent and help of a group of artists and friends such as Rodrigo Monte, Ana Bartolo, Flavia Guimaraes, Renata Baldi and Ana Amelia Macedo. Other people helped us a lot, the other actresses in the cast, the crew, people like Anna Azevedo and old pal Zé José who let us use her editing equipment, and those whose homes were locations (Afonso and Maria Teresa Fatorelli, and Mina and Bernard), well, a bunch of people. Thank you all.


quinta-feira, outubro 30, 2003


Ontem à niote eu tirei o Akira Kurosawa's Rashomon da prateleira do videoclube e assisti. Como eu pude passar tanto tempo sem ver aquilo?

O filme é bonito. E isso é o que me bastaria dizer, o que eu preciso dizer, o que eu não posso deixar de dizer.

A história é bacana, o treco das várias versões e coisa e tal. Mas o mais bacana, o que mais me deu tesão mesmo, foi a força de determinadas imagens. A construção de uma narrativa que gera, que torna viáveis, imagens graficamente fortes, dramaticamente fortes. Ações fortes dos atores, enquadrados sempre da melhor maneira possível.

Me deu muita vontade de fazer uma coisa desbragada, com gente descabelada, com arroubos e arrancos, mais umas diagonais e sei lá o que.

Tanto cinema que eu nunca fiz.


quarta-feira, outubro 29, 2003


a mais triste nação, na época mais podre, compôe-se de possíveis grupos de linchadores


Eu ando odiando o brasileiro. E sou brasileiro, claro, com tudo que isso significa. E acho que todo brasileiro devia odiar o brasileiro. Não os brasileiros, os outros brasileiros. Esses cada um já vai odiando mesmo, atropelando nos sinais e faixas de pedestres. O brasileiro precisa é odiar o brasileiro mesmo, o brasileiro cristalizado nessa forma boçal, cristalizado em incompetência folclorizada em criatividade, cristalizado em crueldade disfarçada de distração. Só quando o brasileiro tiver esse ódio intenso do brasileiro, só quando esse ódio for capaz de atentados suicidas, só aí teremos uma chance. Até lá, vivemos às vésperas da civilização.


Tô no taxi. Sinal rfechado, o carro parado diante da faixa. Abre o sinal, o motorista avança como se fosse largada de fórmula um, quase atropelando um cara. Já vi isso mil vezes, eu mesmo já fui o cara que quase é atropelado, mas não resito e comento. "Quase pegou o cara, hein?" O motorista responde: "o sinal abre, é para os carros, a ele é que estava errado". Sei que vou me aborrecer, mas respondo: "tá certo, vamos dizer que o pedreste estava errado. Ele merecia morrer por causa disso?" Vou poupá-los do diálogo desagradável que se seguiu.


Hoje fiquei sabendo que a história da lancha (ler três ou quatro posts antes deste, por favor) fopi o resultado de um militar ter mandado um soldado bêbado dar uma volta de lancha com os filhos. Os filhos do milico, não os do b~ebado. Acho que isso comprova de vez o que eu digo. Somos um povo irresponsável e cruel, e se o cara não se liga na segurança dos próprios filhos, imagina com a dos filhos dos outros. Somos um povo mau, cruel, e isso precisa ser admitido.


terça-feira, outubro 28, 2003


A frase precisa ser urgentemente atualizada. Devia virar "os incomodados que se matem".


Vocês sabem porque o Brasil é assim? porque aqui é a terra que inventou o mais escroto dos ditados, das posturas individuais diante do outro: a cultura do "os incomodados que se mudem".

A cultura brasileira é baseada inteiramente nessa frase mau-caráter.


Essa história das pessoas atroleladas pela lancha é o que há de mais brasileiro. Me dá um desgosto fudido. Não o fato em si. Quer dizer, o fato em si também, mas... O que acontece é o seguinte: vai se procurar saber se o homem tava bebum, se a capitania não fiscalizou sabe deus o que, e a parada vai ficar na conta da impunidade, da incompetência do brasileiro, e isso é injusto. Não que não existam a impunidade, não que o brasileiro não conviva com doses absurdas de incompetência. É injusto porque o problema é muito maior.

O problema é que somos um povo irresponsável.

O problema é que ninguém nunca pensa que possa fazer mal a ninguém e que isso seja errado.

O tempo inteiro, em toda parte, nós todos colocamos a segurança de todo mundo em risco, na maior irresponsabilidade.

É o cachorro brabo escroto sem coleira na praça cheia de criança.

É o jet ski na praia lotada.

É o ultraleve sobrevoando a praia lotada.

É o vagabundo que faz pega no Alto da Boa Vista.

É o puto que avança sinal.

É o desgraçado que dá tiro no meio da multidão.

É o administrador que vende mais ingressos do que cabe no estádio.

É o caminhão na contra-mão.

É a lama, é a lama.

Desses exemplos todos, o que eu mais gosto é o do filho da puta que leva pitbull pra passear sem coleira na pracinha cheia de crianças e velhinhos.


A minha filha, Clara, que nem ainda fez cinco aninhos, adora o DVD acústico da Cassia Eller. Canta "Quem sabe eu ainda sou uma garotinhaaaaa". Eu descobri isso por acaso. Tava no carro, ela no banco de trás começa a cantarolar alguma coisa que soa familiar. "Clara, o que é que você tá cantando". Ela repete e eu reconheço a música. Vamos cantando juntos pelo trânsito: "eu ando nas ruaaaas, eu troco cheques, mudo uma planta de lugaaaaar".


sexta-feira, outubro 24, 2003


Brincadeira nova. Quer dizer, nova pra mim, que eu sei que a parada existe há um tempão. É o Hollywood Stocks Exchange. Uma bolsa de valores de astros, filmes e estúdios. Você compra ações da Nicole Kidman ou do próximo filme da Disney, essas coisas. No meu primeiro dia como "investidor" ganhei quase cem mil dólares (a gente começa com 2 milhões, assim até eu). Já hoje perdi algum (quase metade do que tinha ganho). Besteirada, mais uma pra me ajudar a não fazer o que eu devo fazer.


quarta-feira, outubro 22, 2003


I'm so sad I won't get a directing job I applied for. It devasted me.


Almost forgot to tell you guys the real news of the week. I started working out at a gym. Or, to be more precise, I paid the first month at the gym and took a physical test. Actual working out was supposed to begin today but, eh, it didn't.


Tudo que eu queria era ganhar na megasena. Sério, não queria mais nada. Sei que não é um desejo nada original, mas o que é que eu vou fazer? como disse o outro, cansei de ser moderno, agora quero ser eterno.


I'm hungry. I'm sleepy. My eyes ache. I hate some people. I love very few others. There's a job I'm doing that is going to get terribly complicated, possibly screwed of, and there's nothing I can do about it. Soon I'll have to pick up my daughter and take her to the doctor. But it is me who need a doctor appointment, Clara is doing just fine now. It's wednesday, but I already wish it was Friday, no, not Friday, there might be this meeting on Friday. So I wish it already was Monday. No, not Monday. Tuesday? yes, maybe Tuesday. Where is the time machine?


segunda-feira, outubro 20, 2003


It's so hard to write. When you have to, I mean. It's easy and fun to write email, blog posts, anything of no $$$ value. Now, writing what people actually pay me to write is painful and I procrastinate that as much as I can, and even further. Now I have a deadline I should meet or else. And so here I am. Writing this, instead of that.


domingo, outubro 19, 2003


Escrevi um novo argumento em dois dias, na verdade duas manhãs. Quer dizer, sentei diante do teclado durante essas poucas horas, mas a idéia zanzou pela minha cabeça u tempão. Ficou bacana. Claro que, daqui a um tempo, quando o roteiro estiver escrito, isso de agora vai parecer uma boa porcaria. Mas escrever é assim mesmo.

Esse é um roteiro que eu queria que fosse dirigido pelo Bernardo Bertolucci.


Dois filmes ótimos em dois dias. Isso não devia fazer a felicidade de uma pessoa? na sexta, em DVD, "O Americano Tranquilo". Um troço. Michael Caine é um monstro, o filme é todo perfeito, ritmo,diálogos, me sinto banal escrevendo assim sobre um negócio tão bom. É um daqueles raros, raríssimos filmes que tem o sabor de ler um livro muito bom. Dura menos de duas horas, mas tem a duração do livro bom, reverbera, enfim, do caralho (como eu diria se fosse um cineasta pernambucano, ná Carbon dear?). O outro filme bom não é dessas transcendências todas, mas é também um assombro de tanto talento. "O Amor Custa Caro" (ótimo título em português para "Unbelievable Cruelty"), dos irmãos Coen. Não é dos grandes filmes deles, mas é com certeza a melhor comédia do ano, com lances de uma invenção incrível e um roteiro que é um rocambole.


dor no pé, taquicardia, dor de cabeça, ceratocone, sono, tristeza. e o pulso ainda pulsa.


não sei porque que de manhã/toda manhã parece um parto


sexta-feira, outubro 17, 2003


Eu quero dar aulas de roteiro, ou fazer script doctoring para quem roteiro iniciado mas não acabado, ou acabado mas não tão legal assim. Eu gosto de dar aula, gosto de fazer orientação de trabalho, faço isso bem. Se alguém estiver curioso, me escreva. Se quiser, dê uma olhada no meu currículo. Em princípio, isso é para quem mora no Rio, mas de repente pode se pensar numa maneira virtual de trabalhar, com messenger, icq, essas coisas.


quinta-feira, outubro 16, 2003


No metrô do Rio tem umas plaquinhas, em cima de alguns bancos, indicando que aqueles seriam assentos destinados a grávidas, deficientes e idosos. OK, tá ótimo. Engraçada é a maneira como isso estava escrito numa dessas plaquinhas:

"O Senhor não está proibido de utilizar esses assentos, mas lembre-se de que ... (seguia-se a enumeração das pessoas que teriam prioridade".

O Senhor. Legal eles avisarem a Deus que ele deve ceder lugar pras grávidas e pros idosos.


A impressão que eu tenho é que o processo geral de escrotização da mentalidade média do brasileiro atingirá novos e mais elevados patamares com o advento da novela "Celebridade".


sábado, outubro 11, 2003


Look how beautiful love is.
Found it at Opinion X: "My husband bought me a mood ring the other day. When I'm in a good mood, it turns green. When I'm in a bad mood, it leaves a big fuckin' red mark on his forehead."


Saiu livro novo do Sérgio Sant'Anna. Li tudo que ele escreveu, gosto da maior parte, e já andava saudoso. Pensei que alguma coisa sairia durante a bienal, mas neca. Agora, saiu esse "O Vôo da Madrugada", uma coletânea de contos. Já comprei, hoje começo a ler, depois eu conto.


Não tinha visto "Gangs of New York" nos cinemas. Muita gente falou mal, eu muito sem tempo, não vi. Acabei de ver em DVD. Gostei. Gostei bastante e nem mesmo entendi direito do que se falou mal. Não é um filme de ficção, propriamente, no sentido de um filme em que um personagem e seu destino nos prendem, nos conduzem, ocupam nossa atenção. Mal comparando, é mais como ler um bom livro de história do que como ler um romance. Isso aqui tá mal escrito, eu posso fazer melhor que isso, mas por ora fica assim.


sexta-feira, outubro 10, 2003


Para quem bebe demais. To the Man (or Women) Who Drunk Too Much.

This is a masterpiece, from this amazing blog called JOURNAL: "It's the secret of avoiding hangovers. Water and sugar. That's it. Here's the instructions:

1. Drink reasonable amounts of alcohol. Feel groovy. (Keep in mind that drinking too much alcohol too fast can make you too dead to feel groovy. Alcohol poisoning is no fun; It's scary. Believe me. And don't get in a fucking car. If you want to die, feel free to do so, but don't risk taking out some innocent family on the road.)

2. When you're ready to sleep, or when you're feeling like you might pass out, find a source of water.

3. Fill a glass with water and drink it.

4. Drink it, damnit.

5. Repeat steps 3 and 4 a few times. Force yourself. You might feel bloated, but do it anyway. Water is medicine in this case.

6. Once you have three glasses of water in you, eat a couple cookies. Or a small cup of ice-cream. Or SOMETHING small with a bunch of sugar in it. Don't overdo it, but you need the carbs to keep your blood sugar up while you're unconscious.

7. Force yourself to drink one last glass of water. 8. Urinate; Preferably in the toilet. Then, sleep. Voila. No hangover.

It should be noted that while the carb intake is important, it is less important by far than the water. In my experience, the majority of the ill-effects of a hangover are due almost entirely to dehydration. For those of you that tend to... Well... Puke; You must drink water afterwards. You need to actually go to sleep with as much water as you can handle in your stomach. Yes, this will make you wake up at some point to urinate, possibly a couple times, but you will be able to do so without feeling like someone is stomping repeatedly on your head.

If you pass out before you can drink the water, you have failed. You drank too much, and now you're screwed. If you happen to wake up at any point, and you are still drunk, DRINK WATER. If you don't wake up before the next morning, and you wake up with a hangover, you need to rehydrate. Drink warm water, slowly, and get some carbohydrates. Slightly warmed cocoa is good, but drink slowly, and as soon as your stomach is settled slightly, hit the water pretty hard. And then go out and get some really good Mexican food for breakfast. Mmmmm... Tacos.

If you don't wake up at all, you may be dead. Seek a professional diagnosis of your condition before taking any action. If you are suffering from death, you can skip the water thing... It won't help."


quarta-feira, outubro 08, 2003


This is genious, genious marketing. A weblog hosting service for the bad humoured, agressive, non-cofmormist or merely unpolite minds. If you need a servei to host your blog about things that suck or whatever, give deadjournals a try. Here is how they describe themselves:


"What is DeadJournal.com?
DeadJournal.com is a journal site (much like LiveJournal), but as you will quickly see, not all journals are apple pie and fruitcakes. Here is where you find the journals that nobody else wants to see, or even host.

We love pissed off people, if you're a pissed off person who hates incompetence, please sign up now!
"


I wake up and I feel like I should not get out of bed. Internet banking tells me money from they guys I'm working for did not arrive. And there are bills to pay. I get the car and go out. Car breaks. I have to call for help, wait in the middle of the street. Late, terribly late. I have things to do I don't want to do. I'm sleepy, tired, bad humoured as hell. My daughter wants to play. Let's try to be happy for a little while. There is no good reason to do anything now, except perhaps wish the day comes to and end, go to bed, sleep as much as possible.


terça-feira, outubro 07, 2003


Cara, depois dizem que xadrez não é esporte. Eu, pela primeira vez na vida, tive três partidas de verdade, sérias, em dois dias. Ontem joguei duas contra o Grande Mestre Ulf Anderson, o jogador mais forte que já encarei na vida. Perdi as duas, claro, mas foi muito bacana. Hoje, joguei pela liderança do torneio interno do Clube de Xadrez Guanabara, contra um cara que não perde há umas 10 ou 12 partidas. Comecei melhor, andei rondando o empate, mas acabei perdendo. E, depois de dois dias de jogos intensos, mas que não se comparam com partidas de alto nível, estou exausto. Adoro isso, adoro sentir que estouro os miolos assim. É uma delícia.


segunda-feira, outubro 06, 2003


Today, for the first time since I learned to play the game, at aroung my 6 or 7 years old, I'm going to play chess against a Grandmaster. It's Grandmaster Ulf Andersson, from Sweden. It's not a tournament game, of course, just an exibition, but it's a great moment to me. I'll do my best but please cross your finger so I do not to lose in a shameful way, ok?


domingo, outubro 05, 2003


Take a look at the post laura holder wrote to her sister. It's funny, touching and well written..


sábado, outubro 04, 2003


À Sombra das Chuteiras Imortais

Quem me conhece sabe que misoginia aqui passa longe. Mas tem um treco do mundo masculino que eu acho bacana e que não rola no mundo feminino. Apenas os homens são capazes de, mesmo aos 30, 40, 50 anos, entrar em suspensão da vida adulta. Tanto quanto eu sei - e adoraria que alguém me apresentasse uma contraprova - só homem é capaz de voltar a ser menino, de se interessar apaixonadamente, quando já adulto, por algo que os mobilizava quando criança.

Ontem, quase 60 homens, entre os 18 e os 50 e poucos anos, entraram nesse túnel do tempo. Pelo túnel que liga os vestiários ao gramado do Maracanã.

Eu e Rodrigo fomos os primeiros a chegar. A pelada oficial do Festival do Rio estava marcada para as 9h30, mas nós chegamos às 8h20. E logo foi chegando mais gente. Havia uma puta tensão quanto a se todo mundo poderia jogar. Falo por mim, mas pelo que vi e ouvi, vale pra quase todos os outros: a ansiedade era quase insuportável. Acho que muitos seriam perfeitamente capazes de chorar se no fim das contas não fosse possível entrar em campo.

Às 10h, começou a distribuição dos uniformes dos dois primeiros times. Rodrigo, que foi uniformizado de goleiro, se meteu nesse primeiro jogo. Marcelo, meu irmão do meio, também. Eu e André (meu irmão caçula) ficamos para a partida seguinte. De um lado, um time com camisas da Petrobrás; do outro, um time com camisas do Racing, da Argentina. Fomos todos os outros para a tribuna de honra roer as unhas até a hora da segunda partida.

Afinal, descemos para o vestiário. Passar por aqueles corredores feios e estreitos me fez pensar em quantos caras admiráveis passaram por ali, passavam por ali cotidianamente, como se não fosse - não era, para eles - nada de mais: Pelé, Zico, Junior, Didi, Garrincha, Rivelino... Me deu taquicardia e uma tensão entre abrir um sorriso bobo e abrir um berreiro porque ainda não estava certo que eu jogaria. Nesse momento, eu já tinha 13 pra 14 anos (e ao mesmo tempo tinha 100 anos, me via da altura da minha velhice avançada, me via fazendo a crônica daquele retorno do menino, do jogador de botão cujo time era uma seleção dos anos 70, com Zico, Cruyjff, Lato e Beckembauer).

A camisa do primeiro time do segundo jogo era amarela e azul. Feia pra xuxu, e não posso dizer que lamentei muito não ter entrado nesse time. A essa altura, já tinha posto os olhos na lista e visto que meu nome e o do André estavam no outro time. Qual seria o uniforme? A realização da fantasia não podia ser melhor. O nosso era o uniforme vermelho e preto, o manto sagrado do Clube de Regatas Flamento. Coube a mim a camisa 9, ao André, sortudo, a 10.

Gritos de "mengooooo, mengooooo" enquanto subíamos pelo tunel. Em campo afinal, corri para dar o pontapé de início da partida, temendo que nem conseguisse tocar na bola de novo. Acabei conseguindo. Sofri uma falta na entrada da área que o juiz Luis Carlos Feliz não deu, fiz uma meia bicicleta razoavelmente bem sucedida, e de resto corri - e depois andei - entre o meio de campo e a área adversária.

O resto do dia foi só isso na minha cabeça: joguei no Maracanã, com a camisa do Flamengo. Joguei com a camisa do Flamengo, no Maracanã. Tive reunião de trabalho, falei de roteiro e coisa e tal, mas importante mesmo - e as pessoas trabalhando comigo sabiam disso e certamente entendiam isso também - era ter jogado no Maracanã, com a camisa do Flamengo. Ter jogado, com a camisa do Flamengo, no Maracanã. Era só uma pessoa olhar pra minha cara mais de 5 segundos para eu mandar: "hoje joguei bola no Maracanã. E com a camisa do Flamengo. A oficial, das listras vermelhas e pretas. Sofri uma falta e dei uma meia-bicicleta". E para os mais íntimos eu confessava um pouco mais: que quase perdi a linha ao passar pelos sombrios corredores daqueles vestiários, ao lembrar que ali pisaram chuteiras imortais.


sexta-feira, outubro 03, 2003


Estou saindo de casa em direção ao MARACANÃ. Breve, fotos sensacionais do certame no meu fotolog. Declaração à rádio: "com certeza, tudo faremos pela vitória, o grupo tá unido, o professor orientou que eu jogasse alí pela direita..."


quinta-feira, outubro 02, 2003


Essa menina escreve bem. Saca o que ela pôs no blog dela:perhaps it is all done by angels with mirrors: "que o tom de diário é só uma ferramenta pra se livrar da falta de estilo duma iniciação com f for fake por puro desejo secreto que leiam e entendam, naquele esforço em deixar pistas sem parecer vulgar. cheio de sedução e convidativo, como uma casca de banana, que é pra cair e não esquecer mais. olhar com olhos de iniciado e ver que é teatro, já desmascarado pelo pessoa. deixando de lado o pensamento romântico-adolescente, de quem vomita e não limpa o chão, de quem escreve ao sabor de qualquer coisa e não revisa por ideologia, porque os tempos são outros e apago sentimentos apertando só um botão."


quarta-feira, outubro 01, 2003


Amanhã eu escrevo melhorzinho. Hoje, só drops.


Acabei de ver um filme bom. Um documentário, em competição no Festival do Rio. Chama-se Fala Tu". Muito bom.


Eu tô quieto, não tô nem reclamando nada. Ia reclamar com quem? mas tá foda ter filmado um curta há quase um mês e ainda não ter podido ver uma imagenzinha. Nem no tempo do negativo. Meus curtas feitos em filme, no dia seguinte tinha copião. A eletrônica às vezes passa a perna na gente.

Acho que o curta vai ficar bacana. Segunda-feira, se não houver nenhum imprevisto, a gente senta pra editar.


e tem mais:
fome, fome, fome, fome, fome, fome...


sono, sono, sono, sono, sono...


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